Venda do ano emperra em cenário de especulação da J&F
Eldorado se vale da chance de possível venda para criar ‘leilão" com empresas brasileiras e grupo da indonésia
Danilo Galvão
Capital News
Bruno Chaves/Arquivo Capital News

Empreendimento em Três Lagoas-MS aguarda novo padrinho depois da fusao de empresas
Não é para pagar o preço da delação premiada requerida pelos irmão Joesley e Wesley Batista que a J&F Investimentos, holding que administra empresas como a JBS, Eldorado Celulose, Banco Original ou a Alpargatas precisa vender alguma das organizações que controla. Estimada em uma devolução de “apenas R$ 225 milhões”, a colaboração ainda não aceita pela Procuradoria Geral da República é base de um cenário que passou a gerar especulação quanto à venda da participação da sociedade em setores com movimentação bilionária. Desde maio deste ano o mercado ficou efervescente para incorporações, que no entanto, barram em iniciativa de quem oferta a incorporação.
Segundo a revista Época Negócios durante a cobertura da novela, a J&F recebeu flertes da Cambuhy Investimentos e da Itaúsa para entrega da Alpargatas, que produz entre várias mercadorias os chinelos Havaianas. A proposta de R$ 3,5 bilhões foi considerada uma sondagem por três semanas em julho, porém foi aceita pela holding ainda no mesmo mês, só que a fusão só foi oficializada em agosto. Depois de mistério e de tudo estar documentalmente pronto veio a informação precisa ao mercado pondo fim à especulação e colocando o Itaú como novo dono do empreendimento.
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No caso da Eldorado Celulose, com sede em Três Lagoas-MS e projetada para ser a maior fábrica do mundo no seu setor, o desfecho é um pouco mais truncado. E o entrave não é a falta de “pretendentes para a noiva”, já que explicitamente Suzano, Arauco e Fibria já se prontificaram para uma fusão. Todo o alvoroço ocorreu em julho e desde então as três empresas aguardam um posicionamento da J&F, que na base do mistério gera um certo terror quanto a hipótese de uma operação de incorporação já estar em curso nos bastidores.
O jornal Valor Econômico, em abordagem ao caso, cita que a Arauco sinalizou com R$ 13,8 bilhões pela Eldorado Celulose, enquanto a Fibria prometeu fazer uma proposta formal para a compra da empresa, sem abrir o seu valor para a jogada. Já a Suzano acompanha a oportunidade com resguardo e comunicou que possibilidade de fazer essa fusão é “algo próximo a zero”, principalmente depois do triângulo amoroso se tornar um quadrado.
O interesse da APP (Asia Pulp & Paper Group) na oportunidade esfriou também o ânimo da Arauco. O grupo da Indonésia se propõe investir R$ 15 bilhões na Eldorado Celulose e aposta na ímpeto do continente asiático pela demanda do commodity para encontrar uma taxa de retorno que empresas brasileiras não enxergam com tal aporte na transação.
"Minha opinião é que a fusão com a Fibria cria valor e os acionistas da Suzano têm posição pró geração de valor. A Suzano está pronta para discutir eventual operação quando houver uma posição do outro lado", ponderou o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, em reportagem do Valor Econômico. Assim como muitos, ele acredita em “blefe estrangeiro”. Vale lembrar que o próximo dono da Eldorado Celulose banca do dinheiro que dispor para a aquisição uma cota expressiva de “equity value”, referente aos bilhões e bilhões que pagarão dívidas da fábrica.
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