Liderado pela professora, Fátima Moreira da Silva, de 49 anos, um grupo de haitianos de Três Lagoas participa desde o início do ano, junto com outros alunos três-lagoenses, do Programa Nacional de Alfabetização “Brasil Alfabetizado”.
O programa conta com o apoio da Prefeitura Municipal e Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC). Os encontros são realizados semanalmente no período noturno, na Escola Municipal “Joaquim Marques de Souza”, já coleciona inspiradoras histórias de superação. É o caso do sociólogo haitiano, Herode Azemar de 28 anos, que com seis meses de curso, dos oito do programa, já fala, lê e escreve o nosso idioma.
“É muito inspirador ver os alunos que não sabiam nem escrever o nome lendo frases inteiras e principalmente não sendo mais dependentes para irem ao banco ou ao supermercado. O Azemar chamou ainda mais a atenção, pois chegou em Três Lagoas três dias antes do curso iniciar e hoje já se comunica muito bem com o nosso idioma”, disse Fátima Moreira da Silva.
Início do Programa
Após fazer o curso em Campo Grande, Fátima iniciou o programa convidando a amiga para participar e convidar outros haitianos que quisessem participar das aulas. Muito querida, os alunos elogiaram a professora como sendo muito paciente e amiga.
“Se não fosse ela eu não conseguiria falar e escrever português. Eu não sabia nada e era muito ruim”, disse a haitiana Gita Sylvain, 30 anos. “Vim para cá depois do meu marido e quando ainda estava na República Dominicana ele sempre tentava falar comigo em português e eu não entendia nada. Hoje já conseguimos conversar bastante em português e com as aulas fiquei até animada a ensinar idiomas para outras pessoas e ser enfermeira ou médica já que gosto muito de ajudar minhas amigas”, disse Jeimy Elizabete Peréz, 27 anos.
O MEC realiza, desde 2003, o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. O programa é uma porta de acesso à cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade.
Com a ajuda de voluntários, Fátima ensina matemática e português aos haitianos, em especial, com dinâmicas do dia a dia como fazer compras na feira ou supermercado; simulando uma consulta médica ou entrevista de emprego.
Em uma das atividades em sala de aula, para identificar a diferença entre as palavras “pais” e “país”, Azemar emocionou a todos ao escrever uma carta para seu pai contando a vida no Brasil, relembrando a saudade de todos e o orgulho que tem de sua família. O haitiano termina a carta prometendo voltar para seu país de origem assim que tiver condições financeiras para realizar o sonho de montar seu próprio negócio.
“Eu estou aqui no Brasil mas acho que minha alma ficou aí no Haiti com você porque eu nunca te esqueci. Você é meu herói, um pai formidável. Quando eu tiver um filho eu lhe darei o seu nome como um sinal de gratidão e agradecimento”, diz parte da carta.