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Rural Terça-feira, 13 de Fevereiro de 2018, 10:24 - A | A

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Tradições preservadas

Comunidade Furnas do Dionísio recebe certificação de Agricultura Familiar

Fundada em 1890, a comunidade conta hoje com 96 famílias que têm nas atividades agrícolas

Flávio Brito
Capital News

 

Assessoria/Divulgação

Comunidade Furnas do Dionísio recebe certificação de Agricultura Familiar

Famílias trabalham na produção de alimentos desde a fundação, ainda no século 19

Conhecida pela qualidade da farinha de mandioca, a rapadura e as belezas naturais dos morros e cachoeiras, a comunidade quilombola Furnas do Dionísio ganha ainda mais visibilidade em suas atividades rurais com a entrega do Selo da Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf) entregue nesta sexta-feira (9).

 

A certificação é concedida pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). O selo foi viabilizado por meio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).

 

Assessoria/Divulgação

Comunidade Furnas do Dionísio recebe certificação de Agricultura Familiar

Rapaduras estão entre os produtos mais famosos da comunidade

A partir de agora, as hortaliças, mandioca e a rapadura da comunidade já podem ter Sipaf estampados em suas embalagens. “Só tenho a agradecer as famílias daqui e as entidades apoiadoras na conquista do selo. É uma coisa que representa muito para a gente porque vai agregar mais valor ao nosso trabalho. O selo é uma reafirmação da qualidade dos nossos produtos que já são bem conhecidos”, afirmou o presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais da Comunidade, Adriano Silva.

 

A certificação tem validade de cinco anos, podendo ser renovada. É concedido às empresas e cooperativas, portadoras ou não de DAP – Declaração de Aptidão ao Pronaf, e a agricultores familiares, desde que portadores de DAP, para identificar produtos como verduras, legumes, polpas de frutas e laticínios, etc.

 

Fundada em 1890, a comunidade, que conta hoje com 96 famílias que têm nas atividades agrícolas, teve o início deste trabalho com Dionísio Antônio Vieira, mineiro que fundou a comunidade após a abolição da escravatura. Há 35 km de Capital, a proximidade facilita não apenas a fama dos produtos que é feito de boca em boca como também a comercialização. Além de entregar alimentos para a merenda escolar pelo Pnae – Programa Nacional de Alimentação Escolar, os agricultores fazem a venda de alimentos na Ceasa – Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul.

 

“A Agraer tem uma relação de muitos anos com a comunidade. Lembro-me de quando fizemos a os levantamentos topográficos para que a Furnas fosse reconhecida como comunidade remanescente de quilombo pela Fundação Palmares. Espero que o selo beneficie ainda mais a população local e a Agraer continua aqui com a assistência técnica e prestação de outros serviços”, destacou o diretor-presidente da Agraer, André Nogueira.

 

Para o secretário adjunto da Semagro, Ricardo Senna, que na ocasião representou o secretário Jaime Verruck, o selo vem ao encontro das diretrizes de fortalecimento econômico estabelecido pelo governador Reinaldo Azambuja. “Pela secretaria nos foi dada a missão de trazer investimentos para Mato Grosso do Sul, mas não apenas de novas empresas, nessa difícil fase financeira do País, como também apoiar os pequenos negócios e a agricultura familiar que são bases importantes de geração de renda e empregos nos municípios”, afirmou.

 

Senna aproveitou a oportunidade para lembrar que outras medidas estão sendo tomadas para incrementar ainda mais as atividades das Furnas dos Dionísios. “O selo é uma conquista importante e o governo do Estado vem trabalhando em benefício da comunidade. Reforço que o projeto da farinheira está em processo de reajuste pela associação local e, estamos apenas que essa reformulação esteja pronta para fazer a liberação do recurso”.

 

A assinatura de permissão de uso do Sipaf foi promovida no barracão das Furnas, sede da associação. “Também foi assinado o termo solicitando o outro selo Quilombos do Brasil, o Sipaf é o primeiro passo para que a outra certificação possa ser emitida. O selo não se limita a geração de renda, ele é uma afirmação de identidade, cultura e qualidade dos produtos para a comunidade e os consumidores dos produtos”, afirmou a delegada adjunta da Sead/MS, Adriana Aparecida Mansano.

 

Selo Quilombos do Brasil

Criado em 2013, O selo é uma estratégia do governo federal para identificar produtos oriundos de Comunidades Quilombolas, como verduras, legumes, polpas de frutas, laticínios e artesanato. “O Sipaf é o que a gente precisava para dar entrada com o pedido desse outro selo”, disse o agricultor familiar Adriano Silva.

 

Tanto o Sipaf como o Selo Quilombos do Brasil associam aos produtos contemplados valores cada vez mais exigidos pelos consumidores e que de fato fazem parte de suas práticas, como sustentabilidade, responsabilidade socioambiental, valorização da cultura local e da produção regional. Já para a clientela, fica assegurado o direito de conhecer a origem do bem adquirido.

 

Participaram da solenidade de entrega do Sipaf as seguintes autoridades: o diretor-presidente da Agraer, André Nogueira, o secretário adjunto da Semagro, Ricardo Senna, o deputado estadual Enelvo Felini, o presidente da Associação, Adriano Silva, a delegada adjunta, Adriana Aparecida Mansano, o coordenador do Setor Quilombola do Incra, Márcio Cartela, o subsecretário do Estado de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial e da Cidadania Leonardo Melo, o Sebastião Batista (Rapinha) e o coordenador da Agraer de Jaraguari, Mamede Joaquim Borges. Além de moradores da comunidade e servidores da Agraer.

 

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Hermano Melo 14/02/2018

Muito boa a reportagem de Flávio Brito.Enviem-lhe, por favor, as minhas congratulações! Forte abraço, Hermano Melo.

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