Com a inauguração da fábrica da Eldorado Brasil, prevista para novembro, Três Lagoas atingirá uma capacidade para produzir três milhões de toneladas de celulose por ano, sendo a maior capacidade de produção da matéria-prima em uma única cidade no mundo. Com isso, Três Lagoas, que até a década de 90 apresentava um dos maiores rebanhos de gado do país, muda radicalmente sua vocação econômica.
O investimento de R$ 6,2 bilhões do grupo da J&F se soma ao da concorrente Fibria. Os novos projetos fazem parte de uma série de investimentos na cidade nos últimos oito anos. Nesse período, R$ 12 bilhões foram aplicados em projetos como o da multinacional Cargill, que inaugurou em agosto uma fábrica de biodiesel, ou da Votorantim, que inicia as atividades de uma siderúrgica em novembro. A Petrobras constrói uma fábrica de fertilizantes que consumirá R$ 4,25 bilhões e começa a funcionar em 2014.
Os investimentos que chegaram ao município por meio dos projetos industriais fez o PIB local dobrar entre 2005 e 2009. A cidade tenta se acomodar ao novo patamar de terceira maior economia do Estado, e nas ruas do centro de Três Lagoas, o comércio cresce e se sofistica para atender aos cerca de 15 mil novos habitantes.
A logística trimodal, que engloba ferrovia, hidrovia e rodovia, além dos incentivos fiscais são algumas das características que atraíram as fabricantes de celulose para Três Lagoas. A fartura de terras no nordeste de Mato Grosso do Sul também explica o interesse. A disponibilidade permite que as florestas de eucaliptos, matéria-prima da celulose, sejam plantadas próximas às fábricas, reduzindo o custo de operação. "Essas facilidades trazem reduções de custos importantes para a produção de uma commodity", diz José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Brasil.